Comportamento pós-fendilhação de betão reforçado com fibras exposto a temperaturas elevadas
A exposição de estruturas de betão a temperaturas elevadas, como no caso de incêndio, conduz, entre outros, a uma degradação das propriedades mecânicas do material. Dependendo da temperatura e do tempo de exposição, esta ocorrência acidental potencia a ocorrência de fissuração e destacamento do betão – spalling (por vezes de forma explosiva), podendo comprometer irremediavelmente a funcionalidade dos elementos estruturais, principalmente no caso de estes serem constituídos por betão de elevada resistência. A incorporação de fibras no betão conduz a um melhoramento do comportamento do betão perante a exposição ao fogo, visto que a adição de fibras diminui a probabilidade de ocorrência de desagregação e de destacamento explosivo do betão.
No presente trabalho executou-se um programa experimental para avaliar os efeitos da exposição a temperaturas elevadas no comportamento residual do betão reforçado com fibras (BRF). O programa experimental executado foi constituído por ensaios de flexão em vigas entalhadas sob três pontos de carga e por ensaios de compressão direta. A realização dos ensaios de flexão teve como objetivo avaliar a influência de distintos fatores nas respostas tensão-abertura de fenda obtidas, nomeadamente, da velocidade de aquecimento dos provetes, do nível de temperatura (mantida constante durante a exposição), do momento de execução do entalhe nas vigas (antes ou após a exposição térmica) e da existência de pré-fendilhação das vigas. Os resultados experimentais obtidos relativos à resistência à
flexão do BRF foram analisados comparativamente ao previsto no Eurocódigo 2 para betões convencionais afetados por temperaturas elevadas. Adicionalmente, efetuou-se uma análise inversa dos resultados experimentais, para avaliar a influência que os fatores considerados têm nas propriedades de fratura do BRF em modo I, nomeadamente na relação tensão-abertura de fenda e na energia de fratura.